Em entrevista à RTP, Wilker Dias analisou o recente comunicado da SADC sobre a crise pós-eleitoral em Moçambique, destacando uma mudança significativa na abordagem da organização em relação à situação. Segundo Dias, a SADC, que anteriormente se posicionava de forma alinhada aos interesses políticos da FRELIMO, agora parece reconhecer as graves violações de direitos humanos que têm ocorrido no país.
Dias afirmou que, em comunicados anteriores, a SADC enfatizava a aceitação dos resultados eleitorais pelo povo moçambicano, sem dar a devida atenção às perdas humanas e à repressão que têm marcado o processo. "Diversos comunicados da SADC tomaram uma posição política e não neutra, priorizando as boas relações com os partidos libertadores em África, como é o caso da FRELIMO, em detrimento da verdade eleitoral e da resolução do conflito", destacou.
O analista também mencionou que o atual presidente do órgão, o chefe de Estado do Zimbabué, tem demonstrado uma postura pró-FRELIMO, o que, segundo ele, compromete a imparcialidade da SADC na gestão da crise.
Outro ponto levantado por Wilker Dias foi o atraso na proposta de diálogo. Para ele, a SADC aguardou a validação dos resultados pelo Conselho Constitucional para abordar o tema, o que, na sua visão, contribuiu para a escalada das tensões no território moçambicano.
A mudança de tom no mais recente comunicado da SADC, que lamenta as perdas de vidas humanas e apela ao diálogo, foi vista por Dias como um passo importante, mas tardio, para enfrentar a gravidade da situação. "A tensão no país cresce a cada dia, e é essencial que a SADC adote uma postura mais firme e imparcial para ajudar a alcançar uma solução duradoura", concluiu.

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